IV – DIFERENTES FORMAS DE JEJUM
4.1 – Há diferentes formas de jejuar. As que encontramos na Bíblia são:
JEJUM PARCIAL.
Normalmente o jejum parcial é praticado em períodos maiores ou quando a pessoa não tem condições físicas de se abster totalmente do alimento (por causa do trabalho, por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum no livro de Daniel:
“Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se passaram as três semanas.” (Dn.10:2,3).
O profeta Daniel diz exatamente o quê ficou sem ingerir: carne, vinho e manjar desejável. Provavelmente se restringiu à uma dieta de frutas e legumes, não sabemos ao certo.
O fato é que se absteve de alimentos, porém não totalmente. E embora tenha escolhido o que aparentemente seja a forma menos rigorosa de jejuar, dedicou-se à ela por três semanas.
Em outras situações Daniel parece ter feito um jejum normal (Dn.9:3), o que mostra que praticava mais de uma forma de jejum. Ao fim deste período, um anjo do Senhor veio a ele e lhe trouxe uma revelação tremenda. Declarou-lhe que desde o primeiro dia de oração o profeta já fora ouvido (v.12), mas que uma batalha estava sendo travada no reino espiritual (v.13) o que ocorreria ainda no regresso daquele anjo (v.20). Aqui aprendemos também sobre o poder que o jejum tem nos momentos de guerra espiritual.
b) JEJUM NORMAL.
Há pessoas que afirmam a possibilidade de praticarem jejum com abstinência de alimentos ingerindo apenas líquido. Afirmam inclusive, que o jejum realizado por Jesus Cristo foi nesta categoria. E outros afirmam que Ele absteve totalmente tanto de líquidos quanto de alimentos sólidos. “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome.” (Mt.4:2). Denomina-se esta forma de jejum como normal, pois entende-se ser esta a prática mais propícia nos jejuns regulares.
c) JEJUM TOTAL.
– Refere-se a abstinência de toda e qualquer forma de alimento, inclusive de água. Na Bíblia encontramos poucas menções de ter alguém jejuado sem ingerir água, e isto dentro de um limite: no máximo três dias, excetuando-se a narrativa bíblica sobre Moisés. A água não é alimento, e nosso corpo depende dela a fim de que os rins funcionem normalmente e que as toxinas não se acumulem no organismo. Há dois exemplos bíblicos deste tipo de jejum, um no Velho outro no Novo Testamento:
– Ester, num momento de crise em que os judeus (como povo) estavam condenados à morte por um decreto do rei, pede a seu tio Mardoqueu que jejuem por ela:
“Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci.” (Et.4:16).
Paulo, na sua conversão também usou esta forma de jejum, devido ao impacto da revelação que recebera:
“Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu.”(At.9:9).
Não há qualquer outra menção de um jejum total maior do que estes (a não ser o de Moisés e Elias numa condição diferente que explicaremos adiante). A medicina adverte contra um período de mais de três dias sem água, como sendo nocivo. Em geral, na Bíblia, jejum significa passar algum tempo sem ingerir alimentos. É uma abstenção voluntária e deliberada de alimentos, com o objetivo de buscar a Deus em oração. No hebraico a palavra que se traduz por jejum é {wØoc , a transliteração é (tsom).
Devemos cuidar do corpo ao jejuar e não agredi-lo; lembre-se de que estará lutando contra sua carne (natureza e impulsos) e não contra o seu corpo.
V – A DURAÇÃO DO JEJUM
Quanto tempo deve durar um jejum? A Bíblia não determina regras deste gênero, portanto cada um é livre para escolher quando, como e quanto jejua.
Vemos vários exemplos de jejuns de duração diferente nas Escrituras:
1 dia – O jejum do Dia da Expiação
3 dias – O jejum de Ester (Et.4:16) e o de Paulo (At.9:9);
7 dias – Jejum por luto pela morte de Saul (I Sm.31:13);
14 dias – Jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio (At.27:33);
21 dias – O jejum de Daniel em favor de Jerusalém (Dn.10:3);
40 dias – O jejum do Senhor Jesus no deserto (Lc.4:1,2);
OBS: A Bíblia fala de Moisés (Ex.34:28) e Elias (I Re.19:8) jejuando períodos de quarenta dias. Porém vale ressaltar que estavam em condições especiais, sob o sobrenatural de Deus. Moisés nem sequer bebeu água nestes 40 dias, o que humanamente é impossível. Mas ele foi envolvido pela glória divina.
O mesmo se deu com Elias, que caminhou 40 dias na força do alimento que o anjo lhe trouxe. Isto é um jejum diferente que começou com um belo “depósito”, uma comida celestial. Jesus, porém, fez um jejum normal com esta duração.
CONCLUSÃO
A luz do que estudamos nesta aula, concluímos que o JEJUM, aliado a oração é um poderoso instrumento colocado ao dispor do crente a fim de possibilitar-lhe uma vida Cristã vitoriosa. A bíblia tal como aprendemos desafia-nos a prática do Jejum, sem com tudo cairmos em exagero misticistas que poderão trazer enormes prejuízos àqueles que se derem a esta prática sem observarem os preceitos e orientação bíblica. Esperamos que o Espírito de Deus venha despertar-nos para esta tão importante prática cristã e que sejamos vitoriosos na medida em que cultivarmos o Jejum e oração em nossas vidas.
Enviado por Pr. Oídes José do Carmo