TEMPLOS – ORIGEM

BREVE HISTÓRIA DOS TEMPLOS!

Quando as práticas do cristianismo saíram das catacumbas para se desenvolverem no exterior, e ao crescerem as primeiras congregações que se reuniam em casas, começaram a ser construídas as primeiras igrejas. Embora se saiba que antes do ano 50 teriam ocorrido missões cristãs de Paulo de Tarso e Barnabé (por exemplo a Antioquia, Chipre, Pafos e na Panfília) que poderiam ter resultado nas primeiras Igrejas Cristãs, os dados mais antigos sobre construção de templos cristãos situam-nas em Bizâncio, para onde se trasladou Constantino, e na adaptação das basílicas ao culto cristão. Os cristãos adotaram a basílica para o templo porque cumpre as condições especiais de culto melhor que os templos pagãos e, além disso, estas não tinham servido para a adoração de divindades antigas. Ao hemiciclo onde se colocava o tribunal chama-se abside pela sua forma. O sítio que ocupavam os encarregues da justiça foi dedicado aos mestres cantores e chamou-se coro. O altar colocou-se frente à abside e, dos lados do mesmo, um púlpito para a epístola e outro para o evangelho. Construiu-se um pórtico ou átrio exterior que nas igrejas bizantinas tomaria o nome de nártex e adicionou-se posteriormente uma nave transversal que tomaria o nome de cruzeiro. Em síntese, são estas as modificações operadas nas basílicas na sua adaptação a igrejas.

Os homens colocavam-se na ala direita, galerias ou laterais, e as mulheres no lado esquerdo. As galerias superiores ou trifórios foram destinadas às jovens virgens. Esta é a génese do edifício denominado “igreja” em forma de cruz latina, e como nasceu da cruz grega em Bizâncio. Da fusão destes dois estilos nasceu o latino-bizantino que toma o nome de românico. As origens dos edifícios destinados a igreja na Europa Ocidental datam da época visigótica na qual se empregaram os elementos da ornamentação romana na forma que vinha do Oriente. Muitos séculos depois, as mesquitas arrancadas ao domínio árabe foram também adaptadas ao culto e o tipo arquitetónico das igrejas começou a formar no século X um padrão românico, chamado também latino-bizantino.

A igreja foi construída seguindo ou “corrigindo” a forma da basílica com a abside colocada a Oriente. Por este motivo encontra-se a porta da igreja na sua parte lateral orientada a sul, tanto com ou sem um pórtico, mas sempre formando a praceta onde o povo se reunia e ainda se reúne. Posteriormente, prescindiu-se desta comodidade e colocaram-se as fachadas principais frente à nave.

O que poderíamos chamar invasão do estilo gótico produziu uma revolução em todas as formas e as igrejas foram tomando o tipo sumptuoso que vemos em todo este estilo. Os janelões foram-se alargando sobretudo na Europa do Norte, dando aos templos um aspecto de maior grandeza. Mesmo assim, alguns templos góticos como a catedral de Barcelona conservam em seus efeitos de luz um caráter de sublime misticismo.

No Renascimento produziu-se uma nova revolução. A influência de Itália não chega a mudar a forma da planta em sua essência mas altera o desenvolvimento da construção, sobretudo na sua parte ornamental, até chegar ao barroco que invade na sua época todas as formas da arquitetura religiosa.

A Restauração implanta novamente o estilo severo do Renascimento mas cedo os artistas modernos reconhecem a superioridade dos estilos da Idade Média para encarnar o espírito religioso e este estilo mais ou menos modernizado predomina na construção de todos os templos. A forma de cruz latina ou grega fica sempre perene e só em casos excepcionais se vê empregue a forma de rotonda como modificação da cruz grega. Em geral, o edifício dedicado à igreja tende ao predomínio da altura em contraposição dos templos pagãos, com o significado do espírito elevado da sua fundação.

Os primeiros locais de culto utilizados pelos cristãos foram alguns recintos públicos e preferencialmente residências particulares, as conhecidas igrejas domésticas mencionadas em várias passagens do Novo Testamento (Rm 16.5,14-15; 1 Co 16.19; Cl 4.15; Fm 1.2). Não se atribuía qualquer valor especial ou transcendente a esses lugares, mais ou menos como os judeus faziam em relação às suas sinagogas. O mais importante não era a igreja como instituição ou como espaço físico, mas o povo de Deus, a família da fé, o corpo de Cristo. Foi a experiência da perseguição e do martírio que começou a alterar essa perspectiva. Os lugares em que os heróis da fé deram a vida por amor a Cristo, ou nos quais os seus corpos foram sepultados, passaram a ser altamente reverenciados pelos cristãos. Em algumas cidades, estes passaram a reunir-se nesses locais ou perto dos mesmos, como foi o caso das famosas catacumbas ou cemitérios subterrâneos de Roma, a partir da época de Nero. Por outro lado, certos desdobramentos teológicos da igreja antiga levaram os cristãos a enfatizarem algumas instituições do Antigo Testamento, tais como os conceitos de sacrifício, sacerdócio e templo.

Embora não se tenha descoberto nenhum templo, isto é, edifício destinado especificamente para o culto cristão, anterior a meados do terceiro século, é certo que bem antes disso os cristãos tinham espaços sagrados grandemente reverenciados. Um importante ponto de transição nesse processo evolutivo foi o impacto causado pelo imperador Constantino, o primeiro líder do Império Romano a identificar-se com a nova religião. Ele não só concedeu plena liberdade religiosa aos cristãos, como engrandeceu a igreja e seus líderes de várias maneiras. Em Roma e outras cidades imperiais, várias basílicas (edifícios públicos romanos), algumas muito grandes e majestosas, foram transformadas em templos cristãos, sendo dedicadas aos mais diversos mártires, agora vistos como santos. Constantino também construiu a Basílica de São Pedro no local tradicional do martírio do apóstolo e, na Palestina, a Igreja da Natividade, em Belém, e a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém.

Muitos desses templos, grandes ou pequenos, destacavam-se pela presença de relíquias, ou seja, objetos relacionados com Cristo, Maria e os santos (um pedaço da cruz, os ossos de um mártir, etc.), o que os tornava especialmente atraentes como centros de peregrinação. Concomitantemente, a nova posição de poder e esplendor da igreja gerou uma progressiva elaboração do culto, surgindo uma liturgia complexa e impressionante. Os templos e outros locais sagrados adquiriram uma conotação profundamente mística e até mágica, apelando fortemente à mente e às emoções através dos sentidos: o impacto visual da arquitetura, o impacto olfativo do incenso e das velas, o impacto auditivo da liturgia e da música sacra. Em cada detalhe, os templos cristãos refletiam os novos entendimentos da fé, como a crescente separação entre o clero e os leigos, aquele ocupando a abside, onde ficava o altar, e estes a nave do santuário. Eventualmente, na igreja oriental ou grega, uma parede completa passou a separar os dois grupos, denominada iconóstase.

O protestantismo, com seu princípio básico de “sola Scriptura” (a centralidade das Escrituras) e seu conseqüente questionamento das convicções e práticas calcadas na tradição, porém carentes de sustentação bíblica, fatalmente teria de reconsiderar a questão do significado do espaço sagrado. O retorno a formas de culto mais simples, como as da igreja neotestamentária, e a firme rejeição de qualquer ato de devoção que não fosse dirigido à Trindade, levaram a uma redefinição radical da arquitetura religiosa. Em várias partes da Europa, os templos católicos herdados pelos reformados tiveram suas imagens e altares removidos, e foi eliminada a existência de espaços separados para o clero e para os leigos. Na cidade de Zurique, o reformador Ulrico Zuínglio ordenou que fossem caiadas as paredes das igrejas até então decoradas com pinturas religiosas. No seu zelo, alguns indivíduos e grupos, especialmente na Suíça e no sul da Alemanha, cometeram atos de “iconoclasmo”, destruindo uma grande quantidade de arte sacra com base no segundo mandamento (Êx 20.4-5).

Todavia, no hemisfério norte, a maior parte das denominações protestantes históricas (luteranos, presbiterianos, anglicanos, episcopais, metodistas e outros) manteve um considerável interesse pela arquitetura e pela arte religiosa, como se pode observar nos belos templos dessas confissões existentes na Europa e nos Estados Unidos. Foram os grupos mais contestadores, como, por exemplo, os anabatistas, os quacres e mais tarde os pentecostais, que passaram a utilizar templos deliberadamente simples e despojados. Porém, tanto no caso dos primeiros quanto dos últimos, o santuário nunca chegou a ter a importância e o simbolismo místico que possui nas tradições católica e ortodoxa.

À medida que as igrejas protestantes se difundiram nos demais continentes, ocorreram algumas situações peculiares. Por um lado, houve a tendência de reproduzir nas novas nações alcançadas os modelos, inclusive arquitetônicos e estéticos, das igrejas de origem, sem se atentar para as peculiaridades da cultura local. Foi somente mais tarde, no século 20, com o processo de nacionalização ou indigenização de muitas dessas igrejas, que os seus templos passaram a manifestar as preferências e sensibilidades locais. Em países como o Brasil, a posição da Igreja Católica como religião oficial, e ao mesmo tempo o desejo de atrair imigrantes europeus, fez com que os legisladores autorizassem os protestantes a construir os seus santuários, contanto que não tivessem forma exterior de igrejas. Isso contribuiu para o empobrecimento arquitetônico e artístico dos templos evangélicos, em grande parte monótonos e pouco atraentes.

Em conclusão, as atitudes dos cristãos em relação aos seus locais de culto têm variado grandemente ao longo da história, indo desde o “templocentrismo”, que considera o santuário como um lugar dotado de virtudes especiais, até o desinteresse pelos espaços religiosos em si mesmos, valorizando-se apenas as atividades neles realizadas. Não há como negar a importância psicológica e espiritual dos lugares em que as pessoas têm uma experiência especialmente profunda do sagrado. À luz das Escrituras, importa que a atitude em relação a esses locais seja equilibrada, valorizando-se o belo, o estético e o simbólico, mas evitando-se transformá-lo num fim em si mesmo. Desde uma perspectiva protestante, o templo pode ser considerado “santo” no sentido bíblico de “separado do uso comum” e destinado para o Senhor. Deve ser funcional e prático, visando o que realmente importa, a centralidade do Deus triúno e do culto a ele, mas não há nada que impeça que seja também agradável aos olhos e expresse a beleza da criação divina.

Material pesquisado:
http://www.mackenzie.com.br/7103.98.html – em 28/05/2014
http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_(edif%C3%ADcio) – em 28/05/2014

Deus se importa

Uma palavra abençoadora para seu coração?

Extraído: A Viagem do Outro Cristão. Francis J.Roberts. Ed.A.D.Santos

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