TATUAGEM: Origem!
Essa palavra portuguesa vem do taitiano “tatau”, a reduplicação da palavra “ta”, que significa “marca” – “sinal”. Está em foco uma marca indelével, feita mediante técnicas próprias, picando a pele e inserindo algum pigmento sob a mesma. Embora, provavelmente, não haja nenhuma alusão direta a técnica da tatuagem, nas páginas da Bíblia, essa tem sido considerada uma interpretação possível em cinco situações aludidas na Bíblia, a saber:
1 – `Ôwth – “sinal”. Palavra usada por setenta e nove vezes no Antigo Testamento, conforme se vê, por exemplo em:
Gênesis 1:14 – 4:15
Êxodo 4:8,9,17,28,30
Números 14:11
Deuteronômio 4:34 – 6:8,22
Josué 4:6
Juízes 6:17
I Samuel 2:34
II Reis 19:29
Neemias 9:10
Salmo 74:4,9
Isaías 7:11,14 – 8:18
Jeremias 10:2
Ezequiel 4:3 -20:12,20
O termo semelhante em grego é “sémeîon” que significa “sinal”, usado por quarenta e oito vezes, conforme se vê, por exemplo em:
Mateus 12:38
Lucas 2:12
João 2:18
Atos 2:19, 22, 43
Romanos 4:11
I Coríntios 1:22
II Coríntios 12:12
II Tessalonicenses 2:9
Hebreus 2:4
Apocalipse 15:1
A SEGUIR OUTRAS PALAVRAS IMPORTANTES DE SE ESTUDAR!
2 – Châqaq – “gravação”. Com esse sentido é usada por duas vezes. Em Isaías 22:16 e 49:16. Na última dessas referências, a idéia é que, gravando os nomes de Seu povo em Sua mão, jamais se esqueceria deles.
3 – Seret – “incisão” – “corte” – “marca” – “tatuagem”. Essa palavra só aparece em Levíticos 19:28. O termo “seret” é ali traduzido como “ferireis”. Isso parece ser uma clara proibição do uso de tatuagens entre os judeus. Uma das mais horrendas tatuagens eram aqueles números que os nazistas tatuavam no braço dos judeus nos campos de concentração, onde foram mortos seis milhões de israelitas, a mando de Hitler e sua infame camarilha.
Obs.: Segundo o Dicionário Internacional de Teologia Antigo Testamento – R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr e Bruce K. Waltke , página 1356, item 2046a a palavra hebraica (qa´âqa’) usada exclusivamente em Levíticos 19:28, significa “incisão” – “tatuagem”.
4 – Cháragma – “impressão” – “marca impressa”. Esse termo grego aparece oito vezes:
Atos 17:29 – Apocalipse 13:16,17 – 14:9,11 – 16:2 – 19:20 – 20:4,
Na primeira dessas referências temos a palavra “trabalhados” o que é uma tradução lícita. Em todas as referências do livro do Apocalipse está em foco algum tipo de marca que o futuro anticristo exigirá da parte de seus seguidores. Diz Apocalipse 13:17: “…para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta, ou o número do seu nome”. Uma incrível sanção financeira, uma ditadura como nunca terá havido igual no mundo. Ninguém sabe, entretanto, no qual consistirá a tal “marca”, a menos que pensemos em uma sigla formada pelas letras gregas que correspondem ao número “666”.
5 – Stígma – “ponto” – “marca” – “cicatriz”. Palavra grega usada somente em Gálatas 6:17, onde o apóstolo Paulo diz: “Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus”. Alguns têm pensado que estariam em foco o que, na Igreja Católica Romana é chamado de “estigma”, marcas semelhantes as deixadas pelos cravos, nas mãos de Jesus, e que teriam aparecido em alguns “santos” católicos romanos. Mas, Paulo não estava falando sobre coisas assim. Antes, ele havia ficado marcado pelos sofrimentos, sofridos por pela causa de Cristo, que tinham deixado sinais indeléveis em seu corpo quebrantado pelas asperezas da caminhada de um apóstolo de Cristo.
CHAMPLIN, R.N; Bentes, J.M. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia. 1997, v.6, p. 407/408.
TRATAMOS DA PALAVRA “TATUAGEM” – AGORA, VAMOS TRATAR DA PALAVRA “MARCA” (SINAL)
Várias palavras hebraicas e gregas estão por detrás dessas traduções.
HEBRAICO:
1 – Tâvâh – No hebraico “uma marca qualquer na testa, na mão ou em outra parte qualquer do corpo, com o propósito de identificação”. Ezequiel 9:4,6. A Ezequiel foi dito por Deus que atravessasse a cidade de Jerusalém e identificasse os piedosos com algum tipo de marca. Os ímpios, que não fossem assinalados, seriam destruídos. Chegara o tempo de Deus julgar a cidade. (Bíblia com números Strong (8427)
2 – `Ôwth – No hebraico é a palavra usada para indicar a marca que Deus apôs em Caim, a fim de distingui-lo dos demais homens, devido ao fratricídio que cometera, o que, naturalmente, tornava-o um alvo para ser assassinado. Essa marca visava impedir que fosse morto, visto que Deus o condenara a uma sentença perpétua que envolvia sofrimentos.
3 – Mattârâ´ ou mattarah. Uma palavra hebraica que tem sentido de “alvo”. Jônatas disse a Davi que lhe revelaria a atitude de Saul para com ele, lançando três dardos, como se estivesse atirando-os em algum alvo. (1 Samuel 20:19-20)
*Essa mesma palavra é usada em Lamentações 3:12, onde o profeta Jeremias viu a si mesmo como um alvo para as flechas de seus inimigos perseguidores.
4 – Miphgâ´ – palavra hebraica que significa “marca”. Jó indagava por que motivo Deus tê-lo-ia marcado para os sofrimentos pelos quais ele estava passando, como que por força de algum decreto divino. Jó 7:20.
5 – Qa´ãqa´– “incisão” – “marca” – “tatuagem”. Levítico 19:28. Os israelitas foram proibidos a receber qualquer tipo permanente de marca no corpo. Isso combatia certas formas de idolatria em que os deuses pagãos eram honrados por seus seguidores por tatuagens auto-impostas, ou golpes e talhos na pele que os identificavam como seus discípulos.
GREGO:
1 – sémeîon – “sinal”, dando a entender algum sinal visível a alguma coisa. Palavra usada por setenta e cinco vezes no Novo Testamento:
Mateus 12:38,39 – 16:1,3,4 – 24:3,24,30 – 26:48
Marcos 8:11,12 – 13:4,22 – 16:17,20
Lucas 2:12,34 – 11:16,29,30 – 21:7,11,25 – 23:8
João 2:11,18,23 – 3:2 – 4:48,54 – 6:2,14,26,30 – 7:31 – 9:16 – 10:41 – 11:47 – 12:18,37 – 20:30
Atos 2:19 (citando Joel 3:3) 2:22,43 – 4:16,22,30 – 5:12 – 6:8 – 7:36 – 8:6,13 – 14:3 – 15:12
Romanos 4:11 – 15:19
I Coríntios 1:22 – 14:22
II Coríntios 12:12
II Tessalonicenses 2:9 – 3:17
Hebreus 2:4
Apocalipse 12:1,3 – 13:13,14 – 15:1 – 16:14 – 19:20.
2 – Skópos – “alvo” – “espreitar acerca de” – “observador, guarda, sentinela” – “sinal distante para o qual se olha o alvo”. Esse termo grego só aparece uma vez no Novo Testamento em Filipenses 3:14. Em sua inquirição espiritual, Paulo avançava na direção do alvo. Há traduções que dizem ali “marca”.
3 – Stígma – “cicatriz” – “sinal perfurado ou marcado a ferro e fogo no corpo de acordo com o antigo costume oriental que escravos e soldados levavam sinal ou nome de seu mestre ou comandante marcado ou perfurado ou cortado em seus corpos para indicar a que mestre ou general pertenciam. Alguns devotos marcavam a si mesmos desta forma com o símbolo de seus deuses”. Gálatas 6:17 é a única passagem neotestamentária onde ocorre esse vocábulo. Paulo trazia no corpo os sinais das perseguições de que fora vítima, identificando-o como servo de Cristo.
4 – Cháragma – “inscrição” – “algo gravado”. Palavra que ocorre por oito vezes no Novo Testamento:
Atos 17:29
Apocalipse 13:16,17 – 14:9,11 – 16:2 – 19:20 – 29:4.
Essa é a única palavra grega para indicar a “marca da besta” segundo se vê nas referências do Apocalipse. Essa marca mostrará quem lhe será submisso, servindo igualmente, de uma espécie de permissão para negociar. Há muitas idéias sobre a natureza ou identificação de tal marca. Sem dúvida o autor do Apocalipse tinha em mente alguma espécie de tatuagem – talvez os números “666” ou algum outro símbolo do poder do anticristo.
CHAMPLIN, R.N; Bentes, J.M. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia. 1997, v.4, p. 118/119.
STIGMA – “marca” – “estigma” – “ferrete” – segundo a fonte: BROWN, Colin. “Conversão”, Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento (DITNT), eds. Lothar Coenen, e Colin Brown. São Paulo: Vida Nova, 2000, v.1, p. 1261/1262.
Stigma se relaciona com o verbo “stizô”, “ferrar” – “marca com instrumento pontiagudo”, e quando se aplica à carne de homens e animais, “ferretear” – “tatuar”.
Percebem-se várias áreas bem definidas de aplicação, pois empregavam-se “stigmata” para marcar o gado e outros animais como proteção contra furto. Os cavalos eram ferrados assim como sinal de propriedade. Quando se aplica “stigmata” ao corpo humano, denotava-se sinal de vergonha pública, apropriado para desertores. Os criminosos eram assim marcados como castigo; e escravos, especialmente sofriam esta penalidade se fugissem, sendo depois de apanhados ou se violara, a lei dalguma outra maneira.
O escravo era chamado de “stigmatias”, “criminoso estigmatizado”, depois de receber esta penalidade e sugere-se que as letras que se empregavam como ferrete nas suas mãos ou no rosto eram: F(UG) para “fugitivus” ou FUR para ladrão. Durante o período imperial, ferreteava-se os escravos com a marca do dono. A marca era usualmente colocada na testa, enquanto os soldados recrutados no exército romano recebiam uma marca de tatuagem, na forma do nome abreviado do imperador, na mão.
Aplicavam-se estigmas, outrossim, como sinal de devoção religiosa aos deuses.
A LXX (AT) tem “stigmata” (no plural) uma só vez, na passagem de Cantares 1:11, “ornamentos (jóias pontiagudas) de ouro”, onde não tem significado para este assunto. Mesmo assim, a ideia por detrás da palavra está presente no AT nas várias ocasiões onde os escravos eram marcados como sinal de pertencerem a alguém (Êxodo 21:6 – Deuteronômio 15:16-17); onde Caim recebeu um sinal de que Javé protegeria sua vida (Gênesis 4:15); onde o remanescente dos israelitas fiéis é marcado com a letra hebraica TAU como símbolo da sua segurança no dia do julgamento (Ezequiel 9:4 – a letra Tau, na escrita antiga, era uma cruz, aspecto este que mais tarde deu vazão à especulações cristãs); e especialmente onde o povo de Deus recebe a ordem de registrar o nome dEle nas mãos, como promessa de fidelidade (Isaías 44:5).
Os estigmas propriamente ditos eram expressamente proibidos em Israel, conforme dispõe Levíticos 19:28. Foi somente nos seus dias de apostasia que Israel tomou emprestada esta praxe das nações gentias (Jeremias 16:6 – 41:5; cf. Jeremias 47:5 – 48:37). O javismo verdadeiro, portanto, fica assim diferenciado das praxes do culto à fertilidade das nações de Canaã (1 Reis 18:28). Pode ser, no entanto, que 1 Reis 20:41 é uma exceção, se o profeta tinha a “marca” de Javé na testa.
Durante o período intertestamental, os judeus eram ferreteados por seus captores e os escravos eram ferreteados para evitar sua fuga. A perseguição dos judeus, levada a efeito pelos helenistas, tomava a forma de imposição à força de símbolos pagãos.
A circuncisão era comumente considerada o antídoto eficaz contra o desejo de ser tatuado, pois, o judeu leal já tinha este sinal da sua participação da raça eleita, não precisando, portanto, de qualquer outra marca religiosa. As marcas no corpo (no sentido figurado) e nos locais de sepultamento, de modo literal, sugerem uma alegação protetora de pertencer a Javé, a respeito daqueles que procuram alívio, mediante a possessão deste sinal, do terror escatológico. O sinal da cruz nos túmulos e ossuários judaicos é um desenvolvimento de Ezequiel 9:4.
A única ocorrência do subs. é em Gálatas 6:17. Há várias possibilidades quanto ao significado, isto é, que Paulo assevera, mediante a referência, sua reivindicação quanto a pertencer ao Senhor Jesus, de que é “escravo” (doulos); que leva consigo um distintivo de proteção que nenhum dos seus inimigos na Galácia pode desprezar impunemente. Os gálatas teriam familiaridade com esta ideia de um mestre religioso estar sob o cuidado dos deuses, sendo, portanto, imune ao ataque; que os “stigmata” são o equivalente cristão da circuncisão judaica, e dão sinal da realização escatológica marcando o novo Israel (Gálatas 6:16), como sendo a verdadeira circuncisão, cf. Filipenses 3:3. Os estigmas porém, não devem ser encarados como sendo símbolos (como se Paulo tivesse tatuado o sinal da cruz ou o nome de Jesus no seu corpo). Pelo contrário, são as cicatrizes e feridas recebidas no decurso do seu serviço missionário em prol das igrejas gentílicas, como apóstolo escatológico (Colossenses 1:24 – Efésios 3:1,13).
BROWN, Colin. “Conversão”, Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento (DITNT), eds. Lothar Coenen, e Colin Brown. São Paulo: Vida Nova, 2000, v.1, p. 1261/1262.
Compilado por Vilson Ferro Martins – Atualizado em 22/02/2022
Sugiro a leitura do livro: Pichadores de Templos